Sustentabilidade é um desejo de futuro. Uma vontade de fazer bem as coisas sem esperar para sempre que elas sejam feitas sozinhas. É uma urgência de futuro na qual eu participo, na qual todos nós partilhamos a mesma casa, a mesma terra, a mesma atmosfera.
Sustentabilidade só é viável com o desenvolvimento em cada pessoa do desejo consciente de regeneração dos nossos lugares de vida, regeneração das relações humanas, do solo, da qualidade intrínseca da água e dos alimentos, regeneração da nossa capaicdade de aprender e de gostar do aprendizado. E tudo isso está em causa com as mudanças climáticas, que afetam nossas possibilidades de produzir alimentos, de termos segurança nas cidades e no campo, impactam muito diretamente a vida de todos os humanos, em maior ou menor grau.
Como forma de enfrentar estes desafios que são de todos, as Nações Unidas definem grandes compromissos, que são políticas públicas para garantir a redução e o impacto dos problemas e gerar soluções acessíveis ao maior número possível de pessoas em todos os teritórios, tais como os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável, que são dezessete tópicos centrais, divididos e e encadeados, através dos quais espera-se ser possível alcançar e aprofundar outros grandes objetivos anteriores, como a Agenda 21, que foi o resultado da Conferência das Nações Unidas ocorrida no Rio em 92. Contudo, há também componentes paralelos que motivam esforços de muitas pessoas, países e instituições, como o Green New Deal, que é mais recente e está relacionado com as mudanças climáticas, a Agenda Habitat, que é uma convenção que já tem mais tempo e define critérios fundamentais de sustentabilidade e qualidade de vida nas cidades e nos assentamentos humanos.
Todas estas iniciativas têm grande impacto positivo, uma longa história de casos de sucesso, foram e continuam a ser estudadas profundamente nos seus acertos e nas suas necessidades de aprofundamento. E todas elas possuem em comum dois elementos essenciais. Ao mesmo tempo que definem diretrizes gerais para serem adaptadas, também são ações e recomendações de intervenção local, pois os territórios são formados pela conexão entre os diversos locais. E exatamente nessa direção é que devemos pensar e agir, compreendemos que as conexões importam muito, é preciso aprender a vê-las entendê-las, participar delas de maneira responsável, só daí vêm resultados positivos.
A experiência dedicada à aprendizagem nas últimas décadas, participando de alguns dos mais importantes eventos mundias da sustentabilidade socioambiental e conhecendo boas práticas bem sucedidas em numerosos lugares de várias regiões, nos põe em posição de partilhar estas experiências, para avaliar, diagnosticar e desenvolver projetos para cidades autossuficientes, que têm como base a reunião de conhecimento científico e técnico, a experiência de vida de mestres formadores, e metodologias de formação participativa baseadas na educação experiencial, que garante uma formação de base para elaboração de projetos de desenvolvimento específicos para cada realidade local e regional. Este processo é concretizado em conjunto com estratégias de formação à distância, com vídeos e webinars, e documentado sistematicamente na forma de livros e artigos, tanto de conteúdo científico quanto de apreciação do público em geral.
Estas formações acontecem na forma de workshops e cursos, tendo como metodologia a educação experiencial, com as temáticas das cidades autossuficientes, da agroecologia, florestas e agroflorestas, e no desenvolvimento do processo formativo realizamos palestras em locais específicos, convidando os stakeholders locais para intercâmbio de experiências, e reuniões públicas para dialogar e conhecer os desafios específicos e apresentar soluções técnicas, metodológicas e financeiras. Como resultado do processo de formação, fazemos exposições organizadas pelos formandos, onde apresentam as soluções práticas, seus percursos de aprendizagem e os resultados alcançados em parceria com os stakeholders locais, associações, escolas técnicas, Juntas de Freguesia, Câmaras, empresas, universidades…
O objetivo principal de todo este trabalho é compreender a complexidade das nossas vidas, as consequências das nossas ações e o futuro que teremos e que podemos ter. Em outras palavras, o objetivo do nosso trabalho é partilhar esse fato: que todos nós desejamos um futuro sustentável, é um direto que temos como humanos. De forma a ampliar a abrangência dos resultados nos locais, a estratégia é distribuir a semente, formando facilitadores, realizando seminários de diagnóstico dos ecossistemas locais, dos negócios e do ambiente, bem como seminários de elaboração de projetos, candidaturas a fundos e obtenção de investimentos. O diagnóstico feito nos seminários nos permite desenhar um mapa de fluxos no qual identificamos as redes de saberes, de matérias-primas, de bens e serviços, de influências e interesses, que convergem para um entendimento muito profundo dos ecossistemas. Enquanto construímos essas relações nós conhecemos as pessoas, seus afazeres, suas famílias, seus sonhos e histórias, conhecemos e participamos de seus lugares de vida, trata-se de um estágio de vivência, uma imersão que produz significados de muito valor, uma forma genuína de experienciar a espiritualidade na vida cotidiana das pessoas em seus lugares de casa. Isto é o que fazemos.
Este é o nosso jeito de criar e oferecer sustentabilidade e regeneração, a nossa escola.